O livro Filosofia: um guia para iniciantes (Teichman, J., Evans, K. 2009, Trad. Lucia Sano. São Paulo: Madras) que mencionei no post anterior tem muitas virtudes que o tornam um material atraente para os iniciantes na filosofia:
- Ele não inicia com a tradicional e longa tentativa de explicação sobre o que é a filosofia.
- Mesmo não cobrindo todos, ou mesmo com exaustão, as diversas áreas da filosofia, o livro apresenta discussões de forma clara e argumentada, enfatizando os problemas filosóficos e o papel da argumentação na busca de respostas para esses problemas.
- Não se trata de um livro de história da filosofia. Esta não é deixada de lado, mas fica no seu devido lugar: ela é um pequeno apêndice no final do livro.
Apesar dessas virtudes, há dois pequenos erros no capítulo “A matéria da lógica”. O trecho que considero problemático é o seguinte:
“Não importa quão forte o indício, a verdade da conclusão de uma inferência dedutiva não é garantida. Uma inferência dedutiva razoável é compatível com a falsidade de sua conclusão” (p. 195)
Não sei se o engano foi das autoras ou da tradutora, mas minha sugestão é que as duas ocorrências da palavra “dedutiva” sejam substituídas por “indutiva”.
Dedução é por definição justamente o tipo de argumento em que a verdade das premissas é incompatível com a falsidade da conclusão. É num argumento indutivo que, mesmo que a verdade das premissas seja assegurada, a falsidade da conclusão é sempre possível. Uma das razões para isso é que a conclusão de um raciocínio indutivo é uma afirmação universal, cujas premissas são particulares (sobre isso conferir A verdade e a falsidade de afirmações universais).
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