Marcelo Fischborn

Doutor em Filosofia. Professor no Instituto Federal Farroupilha. Autor de Por que pensar assim? Uma introdução à filosofia

Planejava escrever neste início de 2015 uma postagem para cada um dos assuntos abaixo. Mas como já estamos na metade de janeiro, decidi comentar brevemente duas reflexões sobre a prática da filosofia e seu ensino que me pareceram apropriadas para iniciar o ano:

1. Avaliações filosóficas na aula de filosofia

Se minhas experiências pessoais não estiverem muito enviesadas, penso que a prática padrão na avaliação que os professores de filosofia fazem do progresso de seus alunos (tanto no nível médio como na graduação e talvez até depois) foca-se basicamente na capacidade do aluno expressar textualmente o que leu num texto indicado pelo professor. Por essa razão, é um problema sério quando o aluno não consegue ler corretamente um texto, não consegue entendê-lo apropriadamente, ou não consegue expressar corretamente o seu entendimento do texto. Nesses slides, Desidério Murcho defende que essas capacidades textuais — ler, entender e expor o conteúdo de textos filosóficos — são apenas instrumentais para a filosofia, mas não são finais. As capacidades indicadas são apenas condições necessárias para o exercício da filosofia, mas não são elas próprias o fim a que deve almejar o aprendizado e o ensino da filosofia. Entre as capacidades finais — por si filosóficas — que se espera de um aluno estão:

  • Explicar, analisar e discutir problemas filosóficos
  • Analisar e discutir/avaliar teorias filosóficas
  • Analisar e discutir/avaliar conceitos filosóficos
  • Analisar discutir/avaliar argumentos filosóficos

2. Os métodos da filosofia

As habilidades enfocadas no item anterior dizem basicamente respeito à atividade filosófica, a fazer genuinamente filosofia. Mas como se faz filosofia, como teorias e argumentos são propostos, aprimorados ou rejeitados? Neste podcast do Elucidations, Catarina Dutilh Novaes fala sobre os métodos da filosofia. Ela apresenta três metodologias frequentemente empregadas na atividade filosófica — métodos formais, métodos empíricos e métodos históricos — e defende um pluralismo a seu respeito: não apenas os três métodos podem e devem ser empregados, mas também devem ser combinados. (Fiquei sabendo do Elucidations na lista de podcasts de filosofia elaborada pelo Pablo Rolim dos Santos).

Posted in ,

Deixe um comentário