Uma das coisas que me chamaram a atenção durante o período em que estive nos Estados Unidos para o doutorado sanduíche foi a pouca (nenhuma?) importância que se dava no ambiente acadêmico de lá a certas práticas que por aqui são rotineiras. Um exemplo notável é a emissão de declarações ou certificados de participação em atividades acadêmicas. Financiado por uma instituição governamental brasileira, eu acabei por ir a eventos com uma declaração de participação redigida por mim mesmo e pedindo a assinatura de algum organizador, pois ninguém lá emitia este documento normalmente—me era exigido comprovar minhas atividades.
Em 2021, cá estou eu contabilizando os comprovantes de horas em atividades extracurriculares de meus alunos do ensino médio técnico: quando eu acabar (uma tarefa que não deve ocupar menos do que boa parte de uns 3 dias de trabalho) deverei repassar para que outros dois colegas deem a sua assinatura e comprovação, e casos especiais precisarão ser aprovados em uma reunião de colegiado da qual participam cerca de uma dúzia de outros colegas.
Fico me perguntando o que nos leva a suportar tamanho desperdício de tempo e de (sempre escasso) pessoal. De onde surge esta perda do senso do que importa e do que simplesmente precisamos fazer da maneira mais econômica possível?
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