Marcelo Fischborn

Doutor em Filosofia. Professor no Instituto Federal Farroupilha. Autor de Por que pensar assim? Uma introdução à filosofia

Minha experiência no interior de uma instituição de ensino tem me feito acreditar cada vez mais na verdade da passagem que traduzo abaixo—o que é paradoxal, visto que uma das tarefas principais da escola é justamente levar uma seleção do conhecimento científico acumulado pela humanidade às novas gerações:

“A conexão entre indícios [evidence] e prática na educação está em grande contraste com a que há, por exemplo, na medicina, onde os medicamentos e tratamentos mais variados que provaram, em experimentos rigorosos, que podem curar ou prevenir doenças são geralmente adotados em grande escala pelos profissionais da área. As rápidas e bem sucedidas avaliações de vacinas para Covid-19 realizadas recentemente estão em alta no noticiário neste momento, mas dúzias de novas drogas e outros tratamentos são validados todos os anos e são então adotados amplamente. É certo que se investe muito mais dinheiro no processo de transferência dos indícios para a prática na medicina do que na educação, mas mesmo quando programas educacionais se mostram efetivos em experimentos controlados [randomized experiments] como os que são exigidos na medicina, esses programas raramente são usados em larga escala. Além disso, passar das evidências científicas para a prática é comum em muitas outras áreas, como a agricultura e a tecnologia. Mas não na educação.”

A citação é da postagem ProvenTutoring.org: Getting Proven Tutoring Programs Into Widespread Practice, escrita por Robert Slavin. Uma maneira adicional de pensar no que ela traz para reflexão é esta: se não aceitamos, em geral, tratamentos que não foram testados em decisões sobre a saúde, por que é mais fácil fazê-los no âmbito das decisões de estado, institucionais e docentes no âmbito da educação?

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