Aí teríamos a implementação de uma BNCC ocorrendo ao mesmo tempo em todas as escolas do país, tal como se encaminha neste momento.
Por que testar uma vacina em todo mundo—o que, na prática, equivale a aplicá-la sem teste algum—é problemático? Porque não há como saber, a priori, quais serão os efeitos da intervenção, inclusive se terá (e qual será) a eficácia. Trata-se, obviamente, de uma questão empírica. Por que, então, parece aceitável fazer uma intervenção deste tipo no âmbito da educação? Para saber se a intervenção é boa, deveríamos poder comparar seus efeitos, inclusive em diferentes contextos, e poder compará-los com o modelo atualmente vigente. Obviamente, que efeitos almejamos é uma questão política, me sentido amplo, que diz respeito às nossas ambições. Mas sejam quais forem as pretensões, não é razoável buscá-las sem consultar em alguma medida a realidade.
No âmbito da filosofia, e julgando em parte pelos livros didáticos disponibilizados para escolha que pude consultar até o momento, parece haver uma discrepância bastante grande em relação às possibilidades de abordagem da disciplina usualmente consideradas e o que é oferecido, tanto nos temas quanto no modo. Em um dos exemplares disponíveis, a filosofia parece ser o palco de um desfile de opiniões, sem qualquer respeito ao lugar que a argumentação e a reflexão cuidadosas ocupam no seu exercício—e, portanto, tornando duvidoso que o material possa ajudar no ensino dessas habilidades aos estudantes.

Este é um comentário/desabafo provisório. Ficaria muito agradecido se algum visitante deste blog pudesse compartilhar suas impressões sobre o tema, especialmente comentários que pudessem ajudar a pautar a seleção dos livros atualmente sobre a mesa.
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