Compartilho abaixo alguns trechos que traduzi para uso como material complementar para aulas de filosofia política.
Perfeccionismo
A transição da ética perfeccionista à política perfeccionista é natural. Podem-se organizar instituições políticas e adotar políticas de estado que promovam ou dificultem valores perfeccionistas de várias maneiras e em vários graus. Se aceitamos uma ética perfeccionista, então há uma presunção a favor do perfeccionismo na política. Outras coisas sendo iguais, deveríamos apoiar as instituições e políticas estatais que mais bem promovam o bem no contexto a que se aplicam. […]
Críticos da política perfeccionista frequentemente rejeitam a ideia de que há modos de viver objetivamente melhores ou piores. O subjetivismo e o niilismo sobre o bem frequentemente embasam o antiperfeccionismo. Mas as críticas filosóficas recentes mais influentes à política perfeccionista não vão por este caminho. […] Elas procuram mostrar que políticas estatais perfeccionistas, mesmo se informadas por um entendimento adequado do bem, seriam ainda assim ilegítimas.
Trechos traduzidos a partir de: https://plato.stanford.edu/entries/perfectionism-moral/
Realismo
Insatisfeitos com o mundo tal como o encontraram, os idealistas sempre tentaram responder a questão sobre como a política “deveria ser”. Platão, Aristóteles e Cícero foram idealistas políticos que acreditavam que havia valores morais universais que poderiam embasar a vida política. […] No final do século XV, quando Nicolau Maquiavel nasceu, a ideia de que a política […] deveria ser virtuosa […] ainda predominava na literatura política.
Maquiavel (1469–1527) desafiou esta tradição moral bem estabelecida, posicionando-se, assim, como um inovador. A novidade de sua abordagem reside em sua crítica ao pensamento político ocidental por ser irrealista e em ter separado política e ética. Assim, ele estabelece as bases da política moderna. No capítulo XV do Príncipe, Maquiavel anuncia que, ao distanciar-se dos ensinamentos de pensadores anteriores, busca “a verdade efetiva e não a imaginada”. A “verdade efetiva” é, para ele, a única verdade digna de ser buscada. Ela representa a soma das condições práticas que acredita serem necessárias para tornar tanto o indivíduo quanto o país prósperos e fortes. Maquiavel substitui a virtude antiga (uma qualidade moral do indivíduo, tal como justiça ou moderação) pela virtú, habilidade ou vigor. Como um profeta da virtú, ele promete levar tanto nações quanto indivíduos à glória e poder mundanos.
Trechos traduzidos a partir de: https://plato.stanford.edu/entries/realism-intl-relations/
Contratualismo moderno
“Contratualismo” nomeia tanto uma teoria política sobre a legitimidade da autoridade política quanto uma teoria moral sobre a origem ou conteúdo legítimo das normas morais. A teoria da autoridade afirma que a autoridade legítima do governo precisa derivar do consentimento dos governados, onde a forma e conteúdo deste consentimento deriva da ideia de contrato ou acordo mútuo. A teoria contratualista moral afirma que as normas morais derivam sua força normativa da ideia de contrato ou acordo mútuo. Os contratualistas são céticos sobre a possibilidade de basear a moralidade ou a autoridade política na vontade divina ou algum ideal perfeccionista sobre a natureza humana. Os teóricos do contrato social incluem Hobbes, Locke, Kant e Rousseau. O teórico do contrato social contemporâneo mais importante é John Rawls, que efetivamente ressuscitou a teoria do contrato social na segunda metade do século XX, juntamente a David Gauthier, que é um contratualista sobre a moralidade.
Trechos traduzidos a partir de: https://plato.stanford.edu/entries/contractarianism/
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