Trabalho com vários estudantes que têm algum tipo de diagnóstico que justifica um tratamento pedagógico diferenciado para sua aprendizagem. Na maioria desses casos, os estudantes apresentam dificuldades que exigem algum tipo de suporte especial. Nenhum dos estudantes com que trabalho atualmente apresentou diagnóstico de altas habilidades ou superdotação. Ainda assim, dependendo da definição utilizada, entre 2% e 5% da população se enquadra nessas condições.
Uma parte das razões para baixa identificação de casos de altas habilidades e superdotação se deve à má compreensão do que essas condições representam, seja por falta de uma visão completa ou por se recorrer a estereótipos distorcidos. A parte que por vezes é difícil de entender é que estudantes com essas condições podem apresentar inúmeras dificuldades (em diferentes aspectos, incluindo o aprendizado acadêmico) e também necessitarem de um atendimento diferenciado para renderem tanto quanto seu potencial permite.
Esta tabela de Linda Silverman, adaptada abaixo a partir de sua tradução neste artigo de Angela Virgolim, ajuda a darmos um passo inicial em direção a uma compreensão mais completa e realista dos sinais que podem ajudar a identificar estudantes com altas habilidades e superdotação na escola.
Tabela: Os altos e baixos da superdotação
| ASPECTOS FORTES | O OUTRO LADO | POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS |
| Apresenta maior nível de compreensão do que os colegas de mesma idade | Acha que a forma de raciocínio e compreensão dos colegas são “bobas” e expressa sua opinião para eles. | Os colegas a evitam; os adultos a percebem como faladora demais. A criança perde amigos. |
| Habilidades verbais avançadas para a idade | Conversa mais do que os colegas, que não entendem sobre o que ela está falando. A criança quer falar sempre, não dando a vez aos outros. | Os colegas a percebem como pretensiosa e superior aos outros, e a excluem. A criança fica solitária. |
| Pensamento criativo | Resolve problemas de seu próprio jeito, e não da forma ensinada pelo professor. | O professor se sente ameaçado, percebe a criança como desrespeitosa da figura de autoridade e decide reprimi-la, o que estabelece o palco para a rebelião. |
| Rápida no pensamento | Torna-se facilmente entediada com a rotina e pode não completar suas tarefas. Por outro lado, pode acabar rapidamente suas atividades e ficar vagando pela sala, procurando o que fazer. | O professor pode achar que a criança é desatenta, negativa ou com problemas comportamentais, e que exerce má influência nos colegas. |
| Alto nível de energia | Pode ser muito distraída, começando várias tarefas e não terminando nenhuma. | A criança pode se desgastar tentando realizar muitos projetos de uma vez só. Sua alta energia pode ser confundida com Transtorno de Desordem da Atenção e Hiperatividade – TDAH. Medicação pode ser sugerida para “acalmar” a criança. |
| Grande poder de concentração | Algumas vezes gasta tempo demasiado em um projeto; fica perdida nos detalhes e perde os prazos de entrega, | Notas baixas, uma vez que as tarefas não são completadas, o que causa frustração para a criança, seus pais e professores. |
| Pensamento ao nível do adulto | O pensamento ao nível do adulto não se faz acompanhar de habilidades ao nível do adulto, tais como a diplomacia. Pode falar coisas de forma rude ou desconcertante. | Tanto os colegas quanto os adultos podem achar a criança rude, ofensiva e sem tato, passando a evitá-la. |
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