Marcelo Fischborn

Doutor em Filosofia. Professor no Instituto Federal Farroupilha. Autor de Por que pensar assim? Uma introdução à filosofia

Trabalho com vários estudantes que têm algum tipo de diagnóstico que justifica um tratamento pedagógico diferenciado para sua aprendizagem. Na maioria desses casos, os estudantes apresentam dificuldades que exigem algum tipo de suporte especial. Nenhum dos estudantes com que trabalho atualmente apresentou diagnóstico de altas habilidades ou superdotação. Ainda assim, dependendo da definição utilizada, entre 2% e 5% da população se enquadra nessas condições.

Uma parte das razões para baixa identificação de casos de altas habilidades e superdotação se deve à má compreensão do que essas condições representam, seja por falta de uma visão completa ou por se recorrer a estereótipos distorcidos. A parte que por vezes é difícil de entender é que estudantes com essas condições podem apresentar inúmeras dificuldades (em diferentes aspectos, incluindo o aprendizado acadêmico) e também necessitarem de um atendimento diferenciado para renderem tanto quanto seu potencial permite.

Esta tabela de Linda Silverman, adaptada abaixo a partir de sua tradução neste artigo de Angela Virgolim, ajuda a darmos um passo inicial em direção a uma compreensão mais completa e realista dos sinais que podem ajudar a identificar estudantes com altas habilidades e superdotação na escola.

Tabela: Os altos e baixos da superdotação

ASPECTOS FORTESO OUTRO LADOPOSSÍVEIS
CONSEQUÊNCIAS
Apresenta maior nível
de compreensão do que
os colegas de mesma
idade
Acha que a forma de raciocínio
e compreensão dos colegas são
“bobas” e expressa sua opinião
para eles.
Os colegas a evitam; os adultos a
percebem como faladora demais.
A criança perde amigos.
Habilidades verbais
avançadas para a idade
Conversa mais do que os
colegas, que não entendem sobre
o que ela está falando. A criança
quer falar sempre, não dando a
vez aos outros.
Os colegas a percebem como
pretensiosa e superior aos outros,
e a excluem. A criança fica
solitária.
Pensamento criativoResolve problemas de seu
próprio jeito, e não da forma
ensinada pelo professor.
O professor se sente ameaçado,
percebe a criança como
desrespeitosa da figura de
autoridade e decide reprimi-la,
o que estabelece o palco para a
rebelião.
Rápida no pensamentoTorna-se facilmente entediada
com a rotina e pode não
completar suas tarefas. Por outro
lado, pode acabar rapidamente
suas atividades e ficar vagando
pela sala, procurando o que fazer.
O professor pode achar
que a criança é desatenta,
negativa ou com problemas
comportamentais, e que exerce
má influência nos colegas.
Alto nível de energiaPode ser muito distraída,
começando várias tarefas e não
terminando nenhuma.
A criança pode se desgastar
tentando realizar muitos
projetos de uma vez só. Sua alta
energia pode ser confundida
com Transtorno de Desordem
da Atenção e Hiperatividade
– TDAH. Medicação pode
ser sugerida para “acalmar” a
criança.
Grande poder de
concentração
Algumas vezes gasta tempo
demasiado em um projeto; fica
perdida nos detalhes e perde os
prazos de entrega,
Notas baixas, uma vez que as
tarefas não são completadas,
o que causa frustração para a
criança, seus pais e professores.
Pensamento ao nível do
adulto
O pensamento ao nível do
adulto não se faz acompanhar de
habilidades ao nível do adulto,
tais como a diplomacia. Pode
falar coisas de forma rude ou
desconcertante.
Tanto os colegas quanto os
adultos podem achar a criança
rude, ofensiva e sem tato,
passando a evitá-la.
Tabela de Linda Silverman, adaptada abaixo a partir de sua tradução neste artigo de Angela Virgolim.
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