Marcelo Fischborn

Doutor em Filosofia. Professor no Instituto Federal Farroupilha. Autor de Por que pensar assim? Uma introdução à filosofia

Em uma matéria intitulada “Impacto das universidades brasileiras é baixo mesmo na América Latina” publicada este mês no Blog Abecedário da Folha (também divulgada na página da Anpof no Facebook), Sabine Righetti nota que, no ranking britânico THE, as universidades brasileiras ficam atrás de universidades da América Latina no que diz respeito ao impacto de suas pesquisas.

A avaliação do impacto da pesquisa é feita a partir do número de citações que os trabalhos publicados pelos pesquisadores de uma universidade recebem. E, segundo a matéria, “O Brasil vai mal nessa análise porque os trabalhos brasileiros são menos citados mundialmente do que aqueles feitos em outros países da América Latina”.

A matéria continua e levanta algumas hipóteses sobre por que a pesquisa brasileira poderia estar deixando de ter mais impacto, as quais envolvem a língua usada na maioria das publicações (o português) e a qualidade da pesquisa que se pode fazer com os investimentos que declinaram nos últimos anos.

Essas considerações sobre o baixo impacto da pesquisa brasileira lembraram-me de uma postagem de 2017 no ScienceBlog, cujo conteúdo pode interessar àqueles que, como eu, dedicam-se à pesquisa no Brasil. A postagem divulga os estudos de Chris Fradkin sobre as razões pelas quais a pesquisa feita em países em desenvolvimento pode ser pouco lida e lembrada. Seguem algumas das razões aludidas na postagem e um trecho da entrevista dada pelo autor da pesquisa:

  • Publicar a pesquisa em inglês não é suficiente; a qualidade das traduções também influencia o impacto.
  • “[Fradkin] descobriu que um dos fatores preditivos mais significativos do impacto internacional de uma revista brasileira não é o número de falantes do inglês que são colaboradores de seus artigos, mas o número de falantes do inglês que são membros do corpo editorial”.
  • O autor também diz que “Pode haver descobertas em uma revista brasileira que conectem poluição da água a problemas no nascimento” e que “Isso poderia ser de valor imenso para cientistas nos Estados Unidos, Reino Unido ou França. Mas há muito mais para ler, de tal modo que os cientistas não estão olhando para as revistas de estratos mais baixos, e eles não têm tempo para enfrentar uma tradução mal feita. Torna-se uma barreira enorme”.

As considerações elencadas acima sugerem que um dos caminhos para aumentar o impacto da pesquisa brasileira envolve não simplesmente publicar mais em inglês, mas fazê-lo com qualidade e nas revistas adequadas, possivelmente naquelas que já se consagraram como veículos de alto impacto.

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